11 de outubro de 2009

O discurso

Este foi o discurso do Douglas Nobre, a voz jovem e escalabriniana no Grito dos Excluídos(as) 2009:'


"Independente da organização que pertençamos, hoje estamos aqui todos como
excluídos, e se faz importante a pergunta: Estamos excluídos de que?

Eu digo a vocês que de uma maneira geral, estamos excluídos do controle da sociedade. Ora mas alguns vão dizer: Vivemos em uma democracia, o Brasil constituí-se em Estado Democrático de Direito, segundo o Artigo 1º da Constituição Federal que também diz o seguinte: “Todo poder emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição”.

Agora pergunto a vocês: Essa forma de exercer o poder está realmente sendo eficaz na defesa dos interesses da população como um todo? Os meios institucionais para controle da influência do poder econômico nas eleições funcionam? Os atos que vem sendo praticados pelos representantes eleitos efletem a vontade das massas?Todos os fatos atuais mostram que não.

Já está mais que explicito que os interesses defendidos por aqueles que deveriam ser nossos representantes, é o interesse de um pequeno grupo de pessoas e famílias que detêm o poder em nosso país deste o tempo das Capitanias Hereditárias.Essa
Oligarquia de latifundiários, coronéis, empresários, e especuladores
financeiros, defendem ferrenhamente aos próprios interesses e de seus “bandos”,
individualizando o poder em favor desta “corja” e também a favor das empresas
transnacionais que investem e invadem nosso país para explorar, não no sentido
de conhecer ou desenvolver, mas com o intuito de ludibriar, de tirar proveito
dos trabalhadores e de nossas riquezas naturais.

Este desvio de finalidade do poder coloca sempre em primeiro plano o interesse do capital, do lucro, ficando para último plano questões de interesses coletivos como: educação, saúde, moradia e meio ambiente, etc.

O Sistema Capitalista que vivemos mostra-se ineficaz e decadente, porém continuará existindo em meio a crise, com uma exploração cada vez maior dos trabalhadores. Exemplo disso já pode ser visto que é a diminuição dos salários pós-demissão e as inúmeras tentativas de ataque aos direitos trabalhistas conquistados com tanta luta.

Não é justo que os trabalhadores, os jovens, os migrantes, os negros, todos nós que somos excluídos do controle da sociedade, paguemos por esta crise que não é nossa.Estamos, portanto, diante de um momento especial para nos reconhecermos como uma única classe. O novo período histórico que se abre com a crise global do capitalismo exige de nós que nos preparemos da melhor maneira possível para os embates que virão pela frente.

Em todos os sindicatos da cidade e do campo, nas organizações de bairros, nos movimentos sociais, nas instituições religiosas, enfim, onde houver condições de organizar a população, todos nós temos o dever de realizar um intenso trabalho político visando a construção de uma frente de esquerda anti-capitalista, permanente, voltada a desenvolver um calendário de lutas populares e um programa político capaz de promover uma ofensiva ideológica de denúncia do capitalismo e em prol da construção do socialismo.Essa é a mudança real que devemos fazer para conseguir exercer o poder de fato nesse país e para que não tenhamos que gritar todos os dias por sermos excluídos de uma sociedade que não é do lucro que não é do capital, mas que é sim, nossa!"

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